Manuel Bandeira
O
escritor atuou como professor de literatura, tradutor e crítico literário.
Manuel Bandeira não participou da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que
deu início ao modernismo no Brasil, mas o poema do autor, “Os Sapos”, foi lido
na abertura. O poema ridicularizava o parnasianismo.
Filho de
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e Francelina Ribeiro, Manuel nasceu no
Recife. Seu tio, João, era membro da ABL, como Bandeira viria a ser anos mais
tarde. Sua eleição foi em 1940, o escritor modernista ficou com a cadeira nº
24, que tem como patrono Júlio Ribeiro.
Viveu no
Rio de Janeiro por alguns anos, foi aluno do Colégio Pedro II e, em 1904, foi
morar em São Paulo. Chegou a começar o curso de arquitetura na Escola
Politécnica, mas a tuberculose o obrigou a parar. Durante a doença, resolveu passar
um tempo na serra. Para continuar a se tratar, foi para a Suíça, mas a Primeira
Guerra fez com que voltasse antes do previsto, em 1914. A doença do autor podia
ser sentida nas suas poesias, que apresentavam um certo sentimento de angústia
e medo da morte.
É quando
volta ao Brasil que o escritor começa a produzir obras literárias. A primeira
publicação data de 1917, é o livro “A Cinza das Horas”, os 200 exemplares foram
pagos pelo próprio autor. Dois anos depois, foi lançado “Carnaval”, também
custeado por Bandeira. Em 1921, na casa de Ronald de Carvalho, começa a se
relacionar com importantes escritores, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade
e Sérgio Buarque de Holanda.
Em 1950,
é um dos candidatos a deputado pelo Partido Socialista Brasileiro. A
candidatura foi feita apenas para agradar os amigos, que precisavam completar a
chapa. O escritor morreu de hemorragia gástrica em 1968. Seu corpo foi
sepultado no mausoléu da ABL no Cemitério São João Batista, no bairro Botafogo,
Rio de Janeiro.
O escritor
colaborou com várias publicações, entre elas o “Diário Nacional”, “A
Província”, “Ariel”, “A Ideia Ilustrada”, “A Manhã”, “Jornal do Brasil” e
“Folha da Manhã”. Teve textos publicados em periódicos modernistas também, como
“Klaxon”, “Lanterna Verde” e “Revista Antropofagia”. No tradicional Colégio
Pedro II, atuou como professor de literatura. Depois, passou a dar aulas de
literatura da Faculdade Nacional de Filosofia, deixando o cargo no colégio.
Principais
Obras:
Estrela
da Manhã
Libertinagem
Os
Sapos
Vou-me
Embora pela Pasárgada
Poema – Manuel Bandeira - Os Sapos
Enfunando
os papos,
Saem da
penumbra,
Aos
pulos, os sapos.
A luz
os deslumbra.
Em
ronco que aterra,
Berra o
sapo-boi:
-
"Meu pai foi à guerra!"
-
"Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O
sapo-tanoeiro,
Parnasiano
aguado,
Diz: -
"Meu cancioneiro
É bem
martelado.
Vede
como primo
Em
comer os hiatos!
Que
arte! E nunca rimo
Os
termos cognatos.
O meu
verso é bom
Frumento
sem joio.
Faço
rimas com
Consoantes
de apoio.
Vai por
cinquüenta anos
Que
lhes dei a norma:
Reduzi
sem danos
A
fôrmas a forma.
Clame a
saparia
Em
críticas céticas:
Não há
mais poesia,
Mas há
artes poéticas..."
Urra o
sapo-boi:
-
"Meu pai foi rei!"- "Foi!"
-
"Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada
em um assomo
O
sapo-tanoeiro:
- A
grande arte é como
Lavor
de joalheiro.
Ou bem
de estatuário.
Tudo
quanto é belo,
Tudo
quanto é vário,
Canta
no martelo".
Outros,
sapos-pipas
(Um mal
em si cabe),
Falam
pelas tripas,
-
"Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe
dessa grita,
Lá onde
mais densa
A noite
infinita
Veste a
sombra imensa;
Lá,
fugido ao mundo,
Sem
glória, sem fé,
No
perau profundo
E
solitário, é
Que
soluças tu,
Transido
de frio,
Sapo-cururu
Da
beira do rio...
Referências:
Nenhum comentário:
Postar um comentário